Inevitavelmente, o jovem que chega aos 17 anos sem saber qual graduação vai cursar, é chamado de perdido. Para ser mais específico, no Brasil, fazer faculdade parece ser mais obrigatório do que homens jurarem a bandeira quando completam 18 anos. Raphael Avellar, empreendedor, CEO da agência Avellar e fundador da Cria, escola de marketing e publicidade, faz questão de ir na contramão, e acredita que faculdade não deveria ser mandatório, principalmente a partir de agora.
O CEO observou que ao contratar estudantes recém-formados em publicidade, propaganda, marketing ou relações públicas, os candidatos, muitas vezes chegavam desatualizados. Começou se questionar o que essas pessoas fizeram durante quatro anos de universidade e, pior, quanto gastaram para ter uma formação deficitária? Cansado de ter que treinar os novos funcionários, decidiu criar uma escola de formação em publicidade e marketing de curta duração, com grandes nomes do mercado e muito esforço.
“Este modelo de educação de ensino superior continua sendo repetido há anos, e não colocam um olhar atento às áreas de conhecimento que poderiam ser realizadas por cursos curtos, práticos e mais baratos”, afirma Denis Sá, cofundador da Enjoy Inglês Profissionalizante. “Em um mundo onde as pessoas vivem hiperconectadas, a educação ainda hesita em se reformular para ajudar a vida dos estudantes, mas estamos no caminho”, conclui.
Avellar explica que fazer faculdade se tornou um fetiche social, principalmente em uma sociedade desigual como a nossa. O diploma se tornou a ponte para uma profissão melhor e, logo, de ascensão social e uma qualidade de vida melhor. Com o crescimento das faculdades particulares e com um maior aumento na renda das classes C e D durante as décadas de 1990 e 2000, o acesso ao sonho do diploma passou a se tornar realidade. Essa democratização de ensino foi importante, porém longe de democrática. As faculdades públicas seguem sendo abrigos da elite, sempre mais preparadas para os grandes vestibulares, enquanto as classes mais baixas lutam para bancar as universidades particulares.